Eu e a Política - Capítulo 1
(Post nascido de um diálogo com a Dai sobre esse blog)
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O que mata nos militantes políticos em geral é a falta de sobriedade:
Vê-se em dúzias de blogs por aí aquele tom deslumbrado, ufanista, chato, pior que os romances mela-cueca de novela mexicana: o militante trata o político "bola da vez" como se fosse um semi-deus, seus marqueteiros como arcanjos, e por aí vai.
Eu não assisti a propaganda eleitoral. Pode parecer coisa de gente elitista e de mente pequena, mas sinceramente, horário eleitoral, via de regra, é coisa pra fazer a cabeça de ingênuo desinformado. É para quem não lê os jornais todos os dias ao longo de anos, nem acompanha o desenrolar político do país entre os meses de outubro dos anos pares, visando inclusive consolidar uma opinião de verdade sobre quem governa ou não essa bodega.
Eu imagino o tom de "apelação" adotado pela maioria absoluta dos candidatos. Ou é a tradicional previsibilidade da época, ou sou eu adquirindo poderes especiais para adivinhar o que acontece dentro da caixinha preta que me recuso a ligar para outra coisa que não ver meus filmes ou jogar video game. Além do mais, minha antipatia pelo partido de situação é pública e notória.
Minha bronca com o PT é pela cara lavada. Como disse Jabor no texto "Os Grandes Arrepios": Lula se apropriou dos feitos de FHC. Numa espécie de mitomania esquizofrênica, e no melhor estilo de Joseph Goebbels, Lula repetiu sua versão mentirosa e maquiada dos fatos por sete anos, até que o povão a visse como verdade.
Nesse caso, não diferente de tantos outros nos quais os Maluf's da vida se elegem e reelegem (tendo ainda a capacidade de vir a público dizer "não há ficha no Brasil mais limpa que a minha"), conta-se muito com a memória curta do brasileiro - que mandou em 2006 ao Senado Federal o mesmo Fernando Collor de Mello que foi enxotado da Presidência da República em 1992; que elege famílias inteiras de Sarneys, Rorizes e Magalhães, ou quando não elege, mantém-se passivo quando um desses usurpa o poder (como fez a Governadora Roseane recentemente).
Se não se lembram de quem é Fernando Collor, não me admira que também não se lembrem do outro Fernando. O que me causa estranheza é justamente a rejeição ao Fernando errado.
Se houvesse essa atenção à história, como o senhor do biscoito fino (huhu) andou declarando, certamente o presente seria diferente. Não me oponho à luta armada contra a ditadura, são os métodos apenas que me deixam apreensiva. Creio que é possível o uso da força, em alguns casos, até mesmo necessário. O que reprovo é a falta de discernimento. O mesmo discernimento que faltou aos católicos na lamentável "Marcha da Família com Deus para a Liberdade", faltou aos socialistas radicais em toda a sua existência.
Do longo trajeto da militância à rampa do Palácio do Planalto, não foi só a sobriedade etílica que faltou ao Lula e seus caporegimes. Faltou a sobriedade ética. Faltou ser razoável. O pensamento de que o Presidente da República pode fazer e dizer tudo o que quiser deveria ter morrido junto do regime militar, por se tratar de um conceito de insensatez gigantesca, e característico de um raciocínio ditatorial. Infelizmente, não é o único ponto no qual Luiz Inácio se aproxima daquilo que dizia combater.
A história mostra que a esquerda hoje sentada na cadeira mais alta de Brasília não é muito diferente da esquerda de Pyongyang ou Havana, nas cadeiras mais altas de países tão "república" no nome quanto o Brasil. Aqui havia a oposição ao governo militar, mas diante da oportunidade de uma transição para a democracia, deixaram de apoiar a única possibilidade de libertação porque o candidato não seria o deles.
O tempo mostra que a oposição ferrenha a Sarney, Collor, Calheiros, e tantos outros, se deu apenas porque os "picaretas com anel de doutor" não reservaram ao metalúrgico uma cadeira também. Com uma pequena bola de cristal, todos os poderosos de décadas atrás teriam dissolvido a esquerda brasileira oferecendo a Lula, José (que também virou Zé) Dirceu, Palocci, e tantos outros, algumas cadeiras em estatais, na câmara e no senado, e lhes antecipando o mensalão.
Vivemos em um país patético, que faz juz a todos os ditados que cria: "Todo político rouba", "Quem nunca comeu melado quando come se lambuza", "Todo mundo tem um preço", "O poder corrompe o homem", e assim por diante.
É lamentável.
Quando me deparo com esses fanáticos petistas, que são tão cegos e irredutíveis quanto os evangélicos neo-pentecostais e os defensores de linux, eu perco a fé na humanidade.
São todos casos perdidos, e só resta aos mais razoáveis lamentar pelos errantes serem numerosos o suficiente para manter nosso reino de enganados na lama da corrupção e ignorância.
Enquanto isso o "país do futuro", como sempre, vai ficando pra amanhã.
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